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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"porquê?"





Preciso de deitar tudo para fora, preciso de despejar o silêncio que está preso na minha garganta e silabicamente produzi-lo em voz alta para que possas ouvir. Não percebo porque é que continuas a fazer isto, porque é que vens e vais, porque é que acima de tudo voltas e me pedes o universo, quando eu só te posso oferecer um planeta. Consigo lembrar-me ao pormenor, de todos, singulares e únicos momentos que tive contigo, porque são os únicos que quero recordar. Quero lembrar-me do teu cheiro, do teu toque, do teu beijo e da tua expressão de espanto com os olhos bem abertos!, e tu vais, desapareces, tiras-me tudo o que tenho construído, levas contigo e deixas-me de novo no chão inapta a qualquer possibilidade de avançar ou lutar para que voltes; eu tento, mas á medida que mais tento, mais tu te afastas e afastas e me deixas aqui. Quando me mentalizo de que já não vens, quando ponho na cabeça que foi o nosso último beijo, a última vez que me olhas-te nos olhos e que agora já só te vejo ao longe de costas, tu… simplesmente apareces, contra tudo o que é esperado ou previsto, apareces e trazes contigo atrás tudo outra vez. Não te limitas a fazê-lo uma ou duas vezes, tu estás consecutivamente a fazê-lo, sem cessar, vens, vais, mas no entanto voltas sempre e cada vez que voltas me pego mais que a última, cada vez que voltas custa mais quando vais, como um ciclo não vicioso, mas tendencioso a aumentar de intensidade.
E se foi agora a última vez? E se depois desta vez já não vais voltar, se for o derradeiro segundo, o momento. Eu já não sei se queres voltar, não sei se decidis-te apenas deixar mais uma das tuas marcas rasgar mais uma ferida e ir embora como sempre fizeste, mas sem retorno. Será que é agora que chegou a altura de seguires para o teu lado e eu para o meu, ou se vais voltar e cruzar-te comigo? Eu não sei, eu tenho tantas perguntas sem resposta, sem a tua resposta que já não sei o que fazer.
Tenho somente neste momento a consciência de que se foste para não voltar eu disse aquilo que sentia, disse a verdade em 5 letras, simples. Disse-te o que devias ouvir e nem sempre ouves quando vais, mas disse não por dizer, mas por sentir que era o momento de o fazer. Se foste para não voltar outra vez, somente para passar o tempo, eu vou ficar em paz, porque ao menos sei que não te menti e não me arrependo de não o ter feito. A ti, amo-te e se este foi o último, eu vou relembra-lo como o primeiro. 

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