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terça-feira, 23 de agosto de 2011

O tempo passa e eu continuo parada.



Na minha cabeça continua tudo desfocado, a tua imagem quando partis-te não me é concreta, não consigo entender os traços que o teu rosto revela, não sei se ficas-te bem ou mal com tudo o que aconteceu, porque fazes a tua cara de póquer e ignoras os sentimentos. Quando partis-te levas-te tudo contigo! A minha vontade e determinação, levas-te o meu sorriso e agora quero encontrá-lo no meio das memórias que guardo na minha cabeça, mas não o encontro por nada, fugis-te e deixaste-me a enfrentar o mundo sozinha. Foste um refugio um apoio de que sinto falta, foste o inexplicável na minha história tão bem ensaiada e decorada. O imprevisível, o irrepreensível. Nunca mudas-te, nem nunca me pedis-te para mudar. O tempo continua a andar em frente, não pára, não espera, tal como tu não paras-te por mim e eu fico parada, estática, presa no segundo em que pela última vez te alcancei o esboço de um sorriso. Sinto a tua falta não nego, falta que não consigo preencher na minha cabeça arranje eu a ocupação que arranjar, por mais que tente tapar a tua ausência com "tralhas" que só fazem peso para cima das costas, tu continuas a ter a leveza de sempre e eu continuo a carregar-te comigo. Não nego que gostava de voltar a olhar-te nos olhos e ver para além deles, ver o espelho que fazem do mundo que vêm, ver para além do que os comuns podem ver, entrar no teu corpo pelo caminho impossível e realizar todos os teus sonhos. Ambiciono com a altura de me levantar e ver que o tempo avança e eu avanço com ele, lado a lado como se nunca o tivesse perdido por ti. Não foste uma perda de tempo nem foste um sonho surreal em que acordei a meio a chorar sentindo aquela epifania no estomâgo. Foste demasiado real e talvez por isso não te consiga esquecer. Foste a realidade abstracta que continua a surgir na minha tela.

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